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Regras de sociabilidade ditavam a convivência em prédio que desabou no centro de SP

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Socióloga esteve no edifício em 10 de março. Ela confirmou que moradores pagavam taxas aos movimentos sociais e se emocionou ao lembrar da mãe que está desparecida com os filhos gêmeos. “Ela disse a amigos que iria dormir cedo no dia da tragédia”, conta

Foto: Life

A socióloga especializada em migrações, Lidiane Maciel, esteve no dia 10 de março no edifício que pegou fogo e desabou na madrugada de terça-feira (1) no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. O imóvel invadido era ocupado por cerca de 400 pessoas e desmoronou após a ocorrência de um incêndio, provavelmente no quinto andar.

“A princípio minha ideia não era divulgar as fotos. As imagens fazem parte de um processo de pesquisa que retrata histórias em ocupações da cidade. Mas como havia poucos registros deste modo de vida, decidi abrir a pesquisa e compartilhar como era a rotina destas pessoas”, afirma Lidiane.


Segundo ela, o objetivo principal não era fazer registro fotográfico da ocupação. “A intenção era se aproximar das pessoas, conversar com elas. Tanto que tirei as fotos com meu aparelho celular. Como socióloga, o que mais me chamou a atenção foi a organização, as regras de sociabilidade. Havia avisos fixados em cada andar com painéis. Ninguém podia entrar sem a autorização dos líderes do movimento. Não era um espaço aberto. Visitas eram permitidas até às 18h. Ex-moradores eram proibidos. Também havia um pequeno comércio de alimentos, geladinhos, balas e chicletes”, destaca, antes de citar diversos utensílios que eram vetados no prédio.

“Eram proibidos a utilização de chapinha, fogão elétrico, panela elétrica e ventilador velho”, complementa. Outra observação interessante da socióloga dispõe sobre as condutas sociais. “Existia respeito às mulheres. Homens não podiam circular sem camisa. As mulheres não podiam usar roupas curtas, dando ênfase que o local era um ambiente familiar. Banheiros e cozinhas eram coletivos. Também reparei espaços para cultos evangélicos”, relata.

Questionada sobre a cobrança de aluguéis, Lidiane confirma que existia um pagamento feito pelos moradores à organização da invasão. “Desconheço os valores, mas havia uma taxa que era usada em questões coletivas como retirada do lixo e outros problemas rotineiros. Era necessário fazer um caixa para organizar melhor o espaço”, afirma a socióloga, que se emocionou em entrevista coletiva concedida na manhã desta quinta-feira ao se lembrar da ocupante Selma, que está desparecida com os seus filhos gêmeos. “Conheci a Selma e as crianças. Eram migrantes vindos de Salvador. Após a tragédia me apontaram o ex-marido dela e me disseram que se a Selma estivesse viva, ela estaria por ali. Ela havia dito que iria dormir cedo no dia do desabamento. O espaço da Selma na ocupação era muito organizado”, encerra Lidiane.

Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
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