Cetesb informa que água do Vidoca é recomendada apenas à harmonia paisagística; especialista avalia relatório e vê excessos de alumínio, ferro e coliformes
Em meio ao cenário urbano de arranha-céus e grandes vias da zona oeste joseense uma cena – publicada pela Life – deu o que falar recentemente: pessoas pescavam em uma ilhota em pleno córrego Vidoca, às margens da avenida Eduardo Cury. Mas, será que as águas do Vidoca são poluídas? O consumo de peixes que por lá nadam é recomendada? E o contato com a água gera algum risco à saúde?
Para sanar estas dúvidas a Life falou com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e com especialista no assunto. As respostas foram realistas e vão contra a prática da pesca no local: o Vidoca não é recomendado à pesca muito menos ao consumo de seus peixes. Segundo dados da Cetesb, o córrego Vidoca pertence a “Classe 4” – o que significa que as águas se destinam apenas à harmonia paisagística ou navegação, quando permitido, conforme inciso V do artigo 4 da resolução CONAMA 357/2005.
“A prática da pesca no Vidoca é desaconselhável. Para atividade de pesca a mesma legislação prevê que o córrego precisaria ser no mínimo um rio de classe 2 conforme o inciso 3 do mesmo artigo”, afirma o Professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) Marcio Pimentel, PhD em Saneamento. De acordo com Pimentel, que analisou os dados da Cetesb (última coleta feita em 29/11/2021) a pedido da Life, os padrões de qualidade que excederam os níveis recomendáveis para pesca foram alumínio e ferro dissolvidos, nitrogênio total e oxigênio dissolvido – além do padrão de coliformes. “O não enquadramento do córrego e a manutenção dessas características expõem, sem dúvida, a população, sendo desaconselhável o consumo de peixes”, esclarece o especialista.
Cetesb
O monitoramento da CETESB no córrego Vidoca ocorre com frequência trimestral e no mais recente relatório anual de qualidade de águas interiores, publicado em 2021 pela Agência Ambiental, a qualidade da água apresentou-se regular, pelo IQA (Índice de Qualidade das Águas).
Além deste monitoramento, segundo a CETESB, a agência atua visualmente, através de vistorias feitas por técnicos, para identificar eventuais extravasamentos de esgotos ou lançamentos irregulares clandestinos através das galerias pluviais, quando imediatamente são tomadas as devidas providências para correção do problema. O córrego Senhorinha não é monitorado pela CETESB.
Vidoca
O ribeirão Vidoca nasce na divisa com Jacareí e corta São José até desaguar no rio Paraíba do Sul. No meio do caminho, ele corta as rodovias Carvalho Pinto e Dutra, recebendo água de dois afluentes: córregos da Água Clara e Serimbura que, por sua vez, recebe o córrego Senhorinha.
Vale lembrar que em 2017 cerca de 6 mil peixes de espécies nativas foram soltos no córrego pela Sabesp, exatamente neste ponto. Três tipos de peixes foram lançados ao Vidoca: curimbatá-de-lagoa, piabanha e surubim-do-paúba. Mas a Tilápia é a mais pescada no córrego.
Primeira Resposta
Ótimas informações fornecidas.
Eu gostaria de saber o que é necessário para transformar este córrego em nível dois.