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O Maluco Beleza das maratonas

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42 km descalço, camisa rasgada, fusca e cerveja: as peculiaridades de Seu Áureo para enfrentar as ultramaratonas

Foto: Life Informa

Aureo Adriano Silva, mais conhecido como Seu Aureo, de cara já convence a todos de sua simplicidade. Nascido em São José dos Campos e jornaleiro há 29 anos, quem o olha não imagina que por trás da careca, adquirida – ou perdida – ao longo do tempo, da barba branca e do sorriso no rosto, há uma espécie de super-homem sem os efeitos de Hollywood.

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Quando tinha 37 anos, no auge do seu sedentarismo – segundo ele mesmo -, descobriu o que viria a ser sua maior paixão: a corrida, ou melhor, a ultramaratona. Tudo aconteceu quando Seu Aureo, na época apenas Aureo, tinha consideráveis 80 quilos, não praticava nenhum tipo de atividade física e foi convidado para participar de uma corrida. Decidido a mudar de hábitos, deixou-se experimentar a novidade, apesar dos sete parafusos na perna que “ganhou” na década de 80 após um acidente de moto que o fez desacreditar dos esportes por um tempo, mas, não pra sempre.

Em sua primeira prova, correu, cansou e suou, mas viu algo diferente na atividade, algo que o chamava e o fazia querer mais e mais. Então, decidiu adentrar nesse mundo, e aos poucos, foi acumulando experiências, evoluindo e perdendo uns quilinhos também.


Calejado nas maratonas como seus pés antes de uma prova – mais pra frente você entenderá, o jornaleiro passou a correr percursos cada vez maiores, e que segundo ele, são os mais fáceis. Tudo se baseia em uma rotina de treinos que se encontra em um prazer não muito habitual, o sofrimento. Não que seu Aureo seja algum tipo de sofredor, tampouco alguém que ame sofrer, mas para ele, o sofrimento é necessário. “Para correr assim você deve aprender a sofrer, é o único jeito. A partir do momento em que você enxergar algo bom no sofrimento em seus treinos, você está preparado”, comenta.

O irmão, o fusca e a BR-135 

O destino é variado, mas uma coisa é certa: não importa onde o jornaleiro vá, ele sempre leva consigo seus maiores companheiros, seu fusca 1971, que além de guardar materiais, malas e suprimentos, coleciona histórias, e seu irmão, Rodrigo, em quem deposita toda sua confiança e admiração, “ele é o cara, ele topa fazer essas maluquices por mim e se não fosse por ele eu não estava aqui. Na prova, eu corro e ele vai do meu lado no Fusca, mas é 50% eu e 50% ele, somos sempre nós e um depende do outro. Ele que é o verdadeiro campeão”, conta.

Foto: Foco Radical

Rodando o brasil atrás das mais variadas maratonas, o trio inseparável já foi para lugares como Florianópolis, São Paulo, Campos do Jordão e São João da Boa Vista, estes dois últimos mais marcantes para ele, um pela dificuldade e o outro pela tradição.

Segundo o corredor, a prova mais difícil já realizada foi em Campos do Jordão. Curta, com apenas 18 km, a prova seria relativamente fácil para um atleta do nível de Seu Aureo, porém, o relevo não cooperou. No morro do elefante, pela serra, as subidas e descidas o pegaram de jeito, mas não foram suficientes para parar o homem, que mesmo assim chegou na terceira colocação.

Em São João da Boa Vista as coisas são diferentes. Lá é onde ocorre a largada da prova que Aureo mais participou em toda a carreira e que participa em todos os anos: a ultramaratona BR-135, que começa em São João e termina em Paraisópolis – percurso que ele, em seu melhor tempo, finalizou em 36 horas ininterruptas. Velhos conhecidos, o corredor e o percurso já se entendem como um casal e todos os sacrifícios feitos durante os 223 km da prova, são, na verdade, um baita prazer.

Para correr a BR-135, Aureo intensifica a preparação nos três meses que antecedem a prova, mesmo já tendo rotina pesada de treinos. A curiosidade fica por conta do aparato utilizado nos treinamentos, botas com chapas de aço que pesam cerca de 1 kg cada.

Normalmente o jornaleiro corre cerca de 5 quilômetros por dia, mas, durante a preparação para a BR-135, as corridas chegam a até 40 km diários, tudo depende do quão próxima a prova está.

Maluco beleza das pistas 

 Ele já conta com mais de 150 corridas. Participou até do Ironman, tradicional prova de triathlon em que os atletas nadam por 4 km, pedalam 180 km e correm por 42 km, e também de oito edições da São Silvestre.

Se o repórter está cansado e moído só de pensar, adivinha só o que o maluco beleza das corridas aprontou em suas duas maratonas de São Paulo. Não faz ideia? Bom, veja bem: ele correu 42 km no asfalto descalço – e aqui entra o que comentei há pouco sobre os pés calejados. O corredor deita por horas com a sola dos pés apontadas diretamente para o sol para criar uma espécie de camada protetora nos pés que o faça aguentar as maratonas e, neste caso, o asfalto quente, quentíssimo.

“Fiz várias provas e duas maratonas descalço, porém nunca me lesionei durante toda a minha carreira. Podem até dizer que sou maluco, mas, cara… é mais fácil se uma pessoa se lesionar correndo um quilômetro do que eu correndo 42. Corro sabendo do meu corpo e dos meus limites e nunca faria algo que eu não pudesse suportar”, enfatiza Seu Aureo.

Sobre as premiações e medalhas, o corredor foi sincero na resposta. “Perdi a conta, não faço ideia de quantas tenho, mas é coisa pra caramba”.

O kit topa tudo 

 Em suas corridas, além do fusquinha e de Rodrigo, o grande aliado de Áureo é seu kit de suprimentos. Para quem viu o filme Operação Babá – em que Vin Diesel para cuidar das crianças usa um tipo de cinturão cheio de compartimentos e carrega mamadeiras com leite, fraldas e papinha – vai ser fácil de entender como o aparato funciona.

Também amarrado na cintura, o jornaleiro traz no kit uma série de coisas indispensáveis para as corridas. E quem pensa que são coisas do tipo barrinhas de cereal, frutas e sucos naturais, está bem enganado.

Confira o que Seu Áureo carrega no kit (de verdade):

  • Cerveja: Ele costuma beber garrafinhas de 250 ml a cada 20 quilômetros. Segundo ele, a bebida serve para ajudar a metabolizar;
  • Refrigerante: Leva garrafinhas de diversos tamanhos e bebe para controlar a glicose. A única coisa que não pode entrar é guaraná, que é sua Kriptonita, seu ponto fraco (não é um conselho para os adversários). Na verdade, o que acontece, é que o guaraná age no jornaleiro tal como um dramin, sua pressão abaixa e ele fica sonolento.
  • Biscoitos e bisnaguinhas: Gostosos e ainda dão energia;
  • Água de coco: Quase melhor que água mineral, ajuda a hidratar;
  • Pão com Mortadela: Costuma parar em bares e comer o que tem vontade, o que geralmente se traduz em pão com mortadela. No dia a dia, o maratonista afirma que não tem medo de comer e que come de tudo um pouco, desde saladas até fast foods, a única restrição é a quantidade;
  • Água mineral: Porque é extremamente necessária;
  • Dorflex: Para eventuais dores musculares;
  • Doril: O mesmo que o Dorflex;

Além dos suprimentos, o maratonista foca no básico e diz não à modernidade, aos tênis “ostentadores” e às roupas térmicas e lotadas de tecnologia. Para ele, suas armas secretas são o que ele realmente precisa para as corridas; suas camisetas rasgadas, que ajudam na transpiração, as calças legging, seu chapéu branco de boiadeiro e seus tênis furados com mais de dez anos de uso – que ele usa nas corridas e também em seu dia a dia, portanto, já estão intrínsecos a seu Áureo.

Do inferno ao céu 

 O maratonista define o início das corridas como a pior parte dos percursos pela ansiedade de querer correr. De acordo com ele, a maior dificuldade nas maratonas é conter a tensão, manter o ritmo e saber dosar a adrenalina no início da prova, momento em que a vontade de sair disparado é grande, mas não é o ideal. Todo esse pensamento colabora para que Seu Áureo mantenha o ritmo certo durante toda prova e alcance seu “nirvana”, a linha de chegada. “A pior parte é manter a calma no início. Você quer correr, você quer chegar, mas tem que saber o momento de tudo, pois, no final, a recompensa é grande. Chegar ao fim da prova é a melhor coisa que existe, é o verdadeiro paraíso”, comenta o jornaleiro, que agora está repousando com o objetivo de voltar aos treinos para sua próxima BR-135.

Além de Seu Áureo

Forte, entusiasmado e em sua melhor forma física (com 64kg), o maratonista olha para os horizontes e apenas consegue enxergar oportunidades de fazer mais. “Tenho minha banca, mas uma hora quero deixar tudo isso um pouco de lado e ficar livre, sem compromissos. Quero focar na minha família, nas corridas e também tenho uma grande vontade, um sonho… aprender a surfar, sempre gostei. Por enquanto, vou remando só nas ruas com meu long (um tipo de skateboard). Mas, um dia ainda aprendo a surfar”, conclui. Inspiração para muita gente, aos 55 anos Áureo não pensa em parar. Fim, no seu vocabulário, é, e sempre vai ser apenas o término de uma corrida.

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