Esquecida pelo poder público, comunidade joseense tem crianças felizes, comércios, trabalhadores e esperança de regularização; ameaça de despejo leva pavor às 300 famílias, sendo que muitas delas moram há mais de 15 anos no local
Em meio à “Cidade Inteligente” de São José dos Campos, uma comunidade inteira luta bravamente por sua existência. A comunidade “Menino Jesus”, localizada no fundo das Chácaras Reunidas, quase na divisa com Jacareí, abriga cerca de 300 famílias que ocupam uma área particular há mais de 15 anos. Agora, essas famílias estão sob a ameaça iminente de uma reintegração de posse.
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Poucos dos cerca de 750 mil habitantes da cidade conhecem a realidade dessa comunidade. A “Menino Jesus” é composta por pessoas trabalhadoras, crianças felizes e uma esperança constante de regularização, mas permanece esquecida pelo poder público. “Nunca vi ninguém da prefeitura aqui, nem vereador, nem nada. Somos completamente esquecidos, é como se não existíssemos na cidade,” afirma Jéssica, de 25 anos, que mora com seu esposo e filhos de 9 e 3 anos. Desempregada, Jéssica sobrevive com o auxílio do Bolsa Família.
A Life visitou a comunidade a convite de um membro da Pastoral Sagrada Família, que fica na Vila Ema. Ao conversar com os moradores fica explícita uma mistura de sentimentos como felicidade, humildade e esperança. “Temos pouco, mas somos felizes. Aqui meu filho solta pipa e anda de bicicleta sem perigo. Ele estuda, assim como outros meninos da comunidade, em escolas próximas. Também temos posto de saúde e hospital por perto. Gostamos daqui, queremos apenas a regularização da área,” destaca Kétlin, líder da associação dos moradores, que vive na comunidade há 8 anos com seu marido e filho, e recentemente conseguiu emprego em um restaurante próximo.
Grupos de evangelização e entidades religiosas são os únicos apoiadores da comunidade, oferecendo doações, assessoria jurídica e organizando eventos. “Fazemos tudo de coração! Conheci a comunidade e ajudo do jeito que posso, mas tem gente que ajuda muito mais. É lamentável uma cidade rica como São José dos Campos ter uma comunidade tão grande esquecida pelo poder público. Aqui temos crianças, gente trabalhadora, pessoas do bem, que não têm para onde ir,” desabafa Gabriel R. Neto, membro da Pastoral da Sagrada Família e morador do Jardim Aquarius, na próspera zona oeste de São José. “Faço questão de trazer meus filhos para eles vivenciarem a realidade da nossa cidade, que a grande maioria desconhece. É um choque de realidade. Meus filhos ficaram sensibilizados e também auxiliam sempre que podem”, complementa Gabriel.
Senhora Edijane, uma das moradoras mais antigas, fala sobre sua vida na comunidade: “Moro com meu neto de 6 anos. Somos felizes aqui. Todo mundo se ajuda. Agradeço a atenção da Defensoria Pública. Os defensores são os únicos que ouvem a gente nesta cidade”, relata. Durante nossa visita, fomos acompanhados pelo jovem “Baiano”, de 14 anos, que, com sua bike, nos mostrou a comunidade. Baiano, assim como muitos outros, aproveita as férias da escola brincando pelas vielas, sempre com um sorriso típico de adolescente.
Na quarta-feira (3), centenas de moradores, incluindo muitas crianças, foram à Defensoria Pública buscar ajuda para evitar o despejo. Para alívio dos moradores, a Justiça suspendeu a ordem de reintegração devido a várias irregularidades no processo. A ação trouxe um respiro para a comunidade, mas a incerteza ainda paira no ar.
“A desocupação do Pinheirinho serve de exemplo para que erros do passado não se repitam. É surreal que uma cidade tão rica como São José dos Campos ignore a existência de uma comunidade tão grande,” comenta um morador. Os moradores da “Menino Jesus” vivem na esperança de que as autoridades finalmente enxerguem suas necessidades e trabalhem pela regularização da área que ocupam.
Prefeitura
A reportagem procurou a prefeitura. Em nota, a administração municipal informou apenas que não faz parte do processo.
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6 Respostas
Realmente é triste esta situação, mas também não da para condenar a prefeitura.
O poder público deve sim olhar para este tipo de situação e buscar uma solução que atenda a todos.
Porem acredito realmente que é um caso como este que mostra que não se deve fechar os olhos para ocupações irregulares, evitando que se chegue a este ponto.
A solução talvez seja a de se encontrar casas populares que eles possam habitar, com algum subsidio.
Rezo para que se chegue a uma solução que atenda estas famílias
Estranho o título da reportagem, conforme relatos dos próprios moradores do local se dizem felizes de viver na comunidade, tem assistência médica e demais auxílios, a quem interessa essa afirmação que a comunidade está em completo abandono?! Esse país tem de criar vergonha na cara e parar de usar os humildes como massa de manobra para interesses particulares.
A prefeitura de São José e uma bosta, uma merda, gente que não dá pra se chamar de gente, bando de gananciosos, escrotos, gente suja imunda ocupando cargos públicos, deveriam deixar as pessoas menos favorecidas em paz ou dar uma moradia digna para cada um antes de querer derrubar o barraco deles, bando de escroto, gestão demoniaca suja imunda, gente podre, vão todos pro inferno, deixa o pobre em paz, ninguém vai pagar impostos pra vocês não bando de infeliz, prefeitura de São José dos Campos e um lixo
Será que esta pessoa não é alguém dos patrocinadores de invasões? Pois, pelo visto, ou é marxista ou anarquista que vive como sanguessuga social.
A nação precisa é de ‘Ordem’ para que dê condições igualitárias a trabalhadores que lutam pelo ‘Progresso’
Põe um lado, triste realidade. Mas por outro, como deve se tratar de uma invasão. E sabe-se que quase todas invasões são patrocinadas por esquerdistas treslocados. O que a prefeitura deveria ter feito seria ter coibido a invasão no início. Então, se se legalizar a invasão, alguém terá qua pagar só proprietário. E estarão abrindo portas para outras tantas.
Não tem outra saída, a não ser que as “ricas” pastorais paguem pela propriedade e doem à comunidade.
Se o terreno é particular, a Prefeitura nada pode fazer para impedir a reintegração de posse. A exemplo do Pinheirinho um dia terão que sair. É complicada a situação.