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Conflito entre Israel e Palestina: Um olhar humano sobre a devastação e esperança no Oriente Médio

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Victor França vai à Palestina e Israel e relata o impacto do conflito entre os povos. Tensão, destruição e a luta pela sobrevivência em meio ao caos!

Viajar para o Oriente Médio nunca foi fácil: distância, custo e, sobretudo, as burocracias de imigração e segurança; seja lá o país que for. Mas, talvez nunca foi tão difícil como esta última vez. Seis países em situação de emergência e um deles combatendo sua vizinhança em um conflito que perdura mais de quinze meses; e sem grandes otimismos de que o epílogo se aproxima.

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Outros territórios parecem estar gradualmente desaparecendo do mapa, juntamente com a sua população: mais de 45 mil palestinos pereceram em Gaza; mas a conta parece otimista, os homicídios certamente têm um número mais elevado. Cheguei em uma época cheia de dias importantes: Natal, Ano novo e Hanukkah (feriado judaico). Apesar dessas datas, não se viu grandes comemorações; justamente por conta do conflito e dos óbitos. Não existe muito clima para festividades.

Em Israel, por todos os lados se vê adesivos, banners, bandeiras e fotografias dos reféns, sequestrados pelo grupo Hamas em outubro de 2023. A palavra de ordem é ‘Bring them home now`. É um grito desesperado das famílias das vítimas, mas também um hino de protesto contra a falta de diplomacia e manejo político do atual primeiro ministro do pais. Além disso, o país enfrenta questões econômicas; sabe-se que uma guerra gera um dispêndio grande nas receitas do governo. Para isso, neste ano os israelenses enfrentarão um aumento de 18% nos impostos, o que tem gerado revolta e angústia.


Isso sem falar dos comerciantes que dependem do turismo: em Jerusalém, ruas literalmente vazias, muitas lojas fechadas ou falidas e os poucos comerciantes que ainda perseveram, se mostram desanimados e sem esperança. Fora os souvenirs com referência à Palestina que antigamente se via no bairro árabe de Jerusalém: nada mais na vitrine. Contudo, nas regiões não-turísticas, vê-se uma atmosfera normal: pessoas circulando, vida acontecendo.

A parte norte do país mostra-se mais aliviada: fazendo fronteira com o Líbano, a população da região fora bastante afetada com as investidas do grupo Hezbollah, ficando um bom tempo com uma situação de quarentena similar com aquilo que o mundo viu com a crise sanitária do COVID-19. Com o cessar-fogo (acordado ainda em 2024), aquela população pôde recuperar a sua rotina de outrora. Contudo, não estando no norte, eu não deixei de ouvir a sirene, em três ocasiões: dia 30 de dezembro, em Tel Aviv e dias 3 e 14 de janeiro, em Jerusalém. Todos de procedência iemenita, disparado pelo movimento Ansar Allah (ou os houthis).

Existe um aplicativo que informa, em conjunto com a sirene, a região que deve se precaver e se deslocar para um local seguro de forma imediata. O que acontece é similar ao que vi em Kiev, na Ucrânia, em julho de 2023: cansada, a população acaba não obedecendo tanto aos protocolos. Mesmo assim, no dia 14 de janeiro, um fragmento consideravelmente grande caiu sobre o telhado de uma residência em Jerusalém; pude ir até o local para constatar.

Na palestina, o cenário é ainda mais desolador e deprimente. Em Belém, a cidade em que se acredita guardar o lugar do nascimento de Jesus Cristo se presencia uma situação trágica e deplorável. Lojas e hotéis fechados ou falidos. Na entrada, inúmeros taxistas oferecendo seus serviços e prometendo um preço baixo, com uma insistência nunca vista antes. Nas poucas lojas que ainda persistem abrir, vendedores se colocam na porta implorando a entrada dos pouquíssimos turistas que transitam pelas ruas.

Na Igreja da Natividade, várias pessoas se colocam na frente da igreja oferecendo serviço como guia (mesmo sem possuir a habilitação para tanto), desesperados para levar o sustento para a casa; afinal, muitos enfrentam um quadro severo de desemprego uma vez que a grande maioria dos moradores de Belém, apesar de palestinos, possuíam a liberação para trabalhar no território israelense. Com a guerra, pouquíssimos ainda possuem essa liberdade e possibilidade.

Em Nablus, cidade no norte da Cisjordânia, o clima é altamente tenso. Em um primeiro momento leva-se duas horas a mais para chegar na cidade por conta dos caminhos bloqueados por checkpoints e a forte presença militar para garantir a segurança dos israelenses colonos que residem nos assentamentos dos territórios palestinos. Ao entrar na cidade, um pequeno checkpoint israelense que, apesar de ser área “A” (ou seja, de administração civil e militar por parte da Palestina) não deixa de se fazer presente. Afinal, é uma das cidades que mais está circundada por assentamentos israelenses (tal como Hebron, cidade onde também estive).

No topo da colina que circunda a cidade, se avista dia e noite uma base militar israelense que esporadicamente faz rondas e patrulhas na cidade, interrogando cidadãos; inclusive entrando nas residências e nos comércios. A orientação foi de que, durante a noite, não era seguro andar pelo centro da cidade. Além da situação de que a maioria dos estabelecimentos estavam fechados, também era possível uma aparição repentina do exército israelense; o que poderia causar uma situação altamente complicada no sentido de eu ser confundido com algum suspeito ou de considerarem minha presença estrangeira naquele lugar algo peculiar e demasiadamente questionável.

Em 2005, nas eleições palestinas, o partido do Hamas obteve 73.4% dos votos dos cidadãos daquela cidade, resultado esse que foi anulado e a região ficou sendo governada pelo Fatah, atual grupo que governa o território leste da Palestina. Contudo, outros grupos de orientação islâmica e de natureza militante possuem grande envergadura na cidade.

O cenário é altamente similar ao de Jerusalém: cartazes, adesivos, panfletos e até sepulturas de militantes que morreram em confrontos com o exército de Israel. Muitos cidadãos os consideram mártires. O que chama atenção é a questão etária: a maioria das fotografias são de jovens, com menos de 30 anos. Contudo, apesar desse cenário de muitos óbitos locais, a cidade e a vida continuam; afinal, não é uma cidade dependente do turismo.

O fato: dos dois lados se vê tensão, indignação e inquietude. Do lado israelense, a população tem a segurança de se interceptar, com a tecnologia militar, os mísseis que tentam atingir o pais, sejam esses de procedência palestina, libanesa, iraniana ou iemenita. Contudo, existe um sentimento de alteridade e comunhão para com as famílias dos reféns que, a priori, ainda estão no cativeiro em Gaza. Junto a isso, soma-se a sensação de impotência de nada poderem fazer; apenas pressionar e mostrar a sua amargura para com o governo.

Do lado palestino, a angústia e a cólera são ainda mais elevadas considerando os números de óbitos monumentalmente maiores se comparados com os números israelenses. Além desses números, tem-se o cenário, na atual época do ano cuja estação é o inverno, de milhões de famílias em Gaza que estão desprovidas de suas antigas casas, agora destruídas, tendo que se sujeitar a viver em tendas ou em casa de familiares (considere que a natalidade da região é alta, ou seja, as casas passam a ter superlotação). Fora a falta de abastecimento de produtos básicos e de combustível – fazendo com que muitos, principalmente as crianças, pereçam de fome ou frio. Toda essa conjuntura cria um sentimento de aflição e agonia.

Exemplo: me hospedei na cidade de Jerusalém Oriental. Daqui até a fronteira de Erez, a mais próxima da Faixa de Gaza, são apenas 70km. É possível imaginar qual é a sensação de um árabe que mora nessa região, consciente dessa distância para com o lugar onde árabes, como ele, passam por essa desolação e crise humanitária.

O cessar-fogo do dia 15 de janeiro foi motivo de comemoração, sobretudo nas redes sociais. Muitos falam que existe a possibilidade para se criar expectativa para um fim próximo do conflito; muitos apostando na administração de Donald Trump. Algo para se pensar. O que se sabe é que ambos os lados podem entoar o mantra do “nunca esqueceremos”. Tanto os israelenses, com um afeto coletivo para com as famílias das vítimas, bem como os palestinos, sobretudo os de Gaza; o que me faz criar um acento para as 220 mil crianças que estão órfãs de seus pais que morreram em decorrência dos bombardeios. Talvez elas sejam sementes para uma repetição compulsiva desses mesmos eventos futuramente.

Por: Victor França

victor.belem@terra.com.br

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