Vegetação do bairro é fundamental para o microclima da cidade, bem-estar e saúde da população. “Muitas árvores foram removidas e não foram repostas”, afirma membro da AABEA
O Jardim Esplanada tem grande importância para o microclima da cidade devido à grande quantidade de árvores que possui. Aliás, o Esplanada é o bairro com maior cobertura arbórea em vias públicas de toda São José dos Campos. Ciente da importância da preservação do verde, a AABEA (Associação Amigos do Bairro Esplanada e Adjacências) solicita uma atenção especial para as árvores do bairro.
“Por isso é imprescindível que ele permaneça residencial e resista aos constantes assédios gananciosos do mercado imobiliário, que juntamente com o poder financeiro e político das construtoras, querem transformá-lo em mais um bairro comercial”, afirma a arquiteta Bianca Sampaio. As árvores, além da óbvia função embelezadora da cidade, também são fundamentais para a qualidade do ar pois reduzem a poluição, absorvem as partículas sólidas do ar, reduzem a temperatura de toda a região, aumentam a umidade do ar, amenizam a poluição sonora e servem de habitat e alimento para a fauna nativa.
“Muitas árvores (que adoeceram devido a podas mal executadas e golas inadequadas) do Esplanada foram removidas e não foram repostas. A AABEA solicitou à prefeitura a urgente reposição destas árvores e também um programa que consiga monitorar a saúde das árvores, para que consigamos manter as que já temos”, destaca Bianca.
Segundo a entrevistada foi elaborado um projeto chamado Pomar Urbano, que foi entregue à prefeitura, e que consistia na ocupação de áreas verdes existentes com o plantio de árvores frutíferas nativas e a integração da comunidade nestes locais, com um passeio público, iluminação, bancos e parque infantil.
“O projeto baseava-se em uma praça onde as pessoas pudessem interagir, caminhar e apreciar a natureza. Obviamente, com o eventual sucesso do projeto, a meta era levá-lo também a outros bairros da cidade. Algumas árvores foram plantadas, porém a iniciativa não foi executada, apesar da promessa de que ficaria pronto até outubro deste ano”, enfatiza.
Vale ressaltar que nenhum animal sobrevive sem a sua pele e as árvores são consideradas a pele do planeta pelos especialistas. Sem elas, o clima entra em colapso e desastres naturais são cada vez mais comuns. “Podemos substituir as palavras enchentes, erosão, seca, doenças respiratórias por qualidade de vida, beleza, saúde e bem-estar”, encerra Bianca.
Falta de espaço – O crescimento do bairro impulsionou o problema da falta de espaço. Calçadas e raízes disputam lugar há décadas pelas ruas e avenidas da região. O risco do surgimento de novos comércios acarretou na falta de vagas para estacionamento. Um exemplo é a avenida Rio Branco.
Segundo o engenheiro florestal, Ciro Croce, há um padrão mínimo internacional que deveria ser seguido. “A árvore precisa de uma área de espaço de permeabilização e aeração do sistema radicular. A metodologia internacional estipula um retângulo com dimensões de 2 x 1 metro a partir do tronco”, informa.
Moradores do bairro temem que o desenvolvimento comercial do bairro prejudique as árvores em prol de novos espaços para estacionamentos e acessos.
Árvores em queda – Segundo o engenheiro florestal, Rogério Romero Mazzeo, trabalhos comprovam que o número de árvores vem diminuindo no Jardim Esplanada. “A redução é um fato comprovado. É preciso encontrar uma forma de compatibilizar o desenvolvimento do bairro com as árvores. Caso contrário, a tendência é que a quantidade de árvores diminua ainda mais”, afirma.
Escola – A diretora de uma escola situada na rua Benedito da Silva Ramos tem receio em dias de chuva e ventania. Várias árvores ficam no entorno da escola. Mas, segundo o engenheiro florestal, Ciro Croce, elas não apresentam risco de queda.
Projetos da prefeitura
Plano Municipal de Arborização Urbana Durante a semana da árvore 2018 a prefeitura de São José dos Campos deu início a implantação do plano municipal de arborização urbana com o plantio de 200 mudas no entorno da praça Ulisses Guimarães, no Jardim Aquarius. O Plano Municipal de Arborização Urbana traz as diretrizes para implementar a arborização na cidade indicando, por exemplo, as espécies mais adequadas para plantio nas áreas públicas e as metas para ampliar a arborização em vias dos bairros. A meta principal é realizar o plantio de 50 mil árvores nos próximos 12 anos.

Programa Saúde das Árvores – A prefeitura deu início ao Programa Saúde das Árvores, que consiste na avaliação sobre o estado fitossanitário das espécies arbóreas do município visando a conservação e prevenção da queda de árvores. A prefeitura contratou, por meio de licitação, a empresa PD Instrumentos para Pesquisa e Desenvolvimento Ltda para realizar o serviço de diagnóstico por imagem, com uso de equipamentos de tomografia e resistografia, que permitem averiguar o diagnóstico de determinada espécie. O trabalho teve início no final de agosto. O município tem em torno de 300 exemplares protegidos, entre palmeiras-imperiais, paineiras, figueiras, jacarandás, paus-brasil, jacarandás, entre outras espécies.
Situações em que é autorizada a supressão
Toda a poda ou retirada de árvores na cidade está embasada na Lei 5097. A supressão em geral é permitida no caso de benfeitorias públicas (quando o projeto não pode ser alterado e primando pelo interesse coletivo), árvore morta ou que apresente risco ao munícipe. Os munícipes devem fazer a solicitação pelo site da prefeitura.
(*Colaboração: Bianca Sampaio)