Tarifa de Trump pode gerar prejuízo de R$ 20 bi à Embraer até 2030, com risco de demissões e cancelamentos de pedidos

A tarifa de Trump, proposta pelo ex-presidente e atual candidato à presidência dos Estados Unidos, pode causar um rombo bilionário na maior fabricante de aviões do Brasil. A Embraer, com sede em São José dos Campos, projeta perdas de até R$ 20 bilhões até 2030, caso a taxa de 50% sobre exportações brasileiras entre em vigor no dia 1 de agosto. Só em 2025, o impacto estimado seria de R$ 2 bilhões.
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Com cerca de 60% da sua receita atrelada ao mercado americano, a Embraer se vê em uma situação crítica. O CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, comparou o possível impacto à pandemia de Covid-19, que forçou a demissão de 2,5 mil funcionários após uma queda de 30% na receita. “Uma tarifa de 50% é quase um embargo. Para aviação, com alto valor agregado, é especialmente mais impactante”, afirmou.
O temor na empresa é que os custos adicionais inviabilizem entregas futuras. Segundo Gomes Neto, cada avião vendido aos EUA custaria R$ 50 milhões a mais. A companhia já possui 181 aeronaves encomendadas por seis empresas aéreas americanas, além de contratos expressivos como o da SkyWest, fechado recentemente por US$ 3,6 bilhões para 60 aviões, com entregas previstas para 2027.
Mercado americano é vital
Dos 336 pedidos firmes da aviação comercial da Embraer, 181 vêm de clientes nos Estados Unidos. Só o modelo E175, campeão de vendas nos EUA por atender a exigências sindicais locais (“scope clause”), representa 151 dessas encomendas. Além disso, os americanos lideram também a compra de jatos executivos da marca, embora os dados específicos não sejam públicos.
A empresa lembra que o setor de aviação tem margens apertadas e que o aumento tarifário poderá forçar companhias aéreas a cancelar ou adiar pedidos. “Avião não é commodity. Não conseguimos simplesmente redirecionar para outro país”, explicou Gomes Neto.
Risco de cortes e cancelamentos
Com esse cenário, a Embraer admite a possibilidade de:
Cancelamento de pedidos
Revisão do plano de produção
Corte de investimentos
Demissões em massa
Durante coletiva de imprensa, o CEO alertou que, se os clientes americanos desistirem das compras por causa dos custos adicionais, a produção precisará ser desacelerada.
Alternativas e negociações
A Embraer articula com o governo federal para tentar adiar a tarifa por até 90 dias, enquanto pressiona por um acordo semelhante ao firmado entre EUA e Reino Unido, que eliminou uma taxa anterior de 10% para o setor aeroespacial.
A empresa também está em contato direto com autoridades americanas. “Tivemos várias reuniões com autoridades de alto nível nos Estados Unidos para mostrar a contribuição da Embraer. Eles compreendem essa relevância, mas esperam avanços concretos nas negociações”, relatou Gomes Neto.
No Brasil, a Câmara Americana de Comércio (Amcham) e a Câmara de Comércio dos EUA emitiram nota conjunta pedindo um esforço diplomático para evitar os efeitos do tarifaço.
Risco de retaliação brasileira
Outra preocupação da Embraer é o possível acionamento da Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada este ano. Como 45% dos componentes usados na produção de aeronaves vêm dos EUA, o Brasil poderia retaliar, encarecendo ainda mais a operação da empresa.
O analista do UBS BB, Alberto Valerio, alerta que “se o governo brasileiro aplicar a reciprocidade, é game over. A Embraer teria aumento de custos na importação de peças e na exportação de aviões”.
Cenário sem alívio
A empresa já estuda alternativas, como expandir a produção nos EUA, mas, segundo Gomes Neto, não há crescimento suficiente na demanda global que justifique tal investimento. “Não temos um plano ainda. O impacto de curto prazo será muito difícil”, concluiu.
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4 Respostas
Quem procura acha!
Fala pro sindicato dos metalúrgicos, que são apoiadores desse desgoverno, pra fazer o fazer passeata em Brasília pra tirar esse desgoverno
Esse Trump é um imbecil.
ENTÃO O NOSSO QUERIDO PRESIDENTE 🤮 VAI COMPRAR BRIGA COM O GIGANTE E NÃO DÁ CONTA DO RECADO…..AÍ QUEM PAGA É O POVO.