Entre os riscos e as entregas!

Motoboys cometem infrações para cumprir prazos de aplicativos; caso extrapolem o tempo eles podem sofrer bloqueios temporários por parte das empresas

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De fato, ser motoboy não é uma tarefa fácil. Muitos pedidos para entregar, dia a dia agitado nas ruas, corridas de um lado para o outro e passagens em alta velocidade nos corredores apertados entre carros. Tudo isto com um único objetivo: ser o mais rápido possível nas entregas dos pedidos.
Toda esta rapidez tem os seus efeitos, sejam eles positivos ou negativos. Para o motoboy é rentável, ele atende à empresa, faz seu trabalho e recebe por isso, mas o lado desagradável fica para quem divide as ruas – e às vezes a calçada também – com sua moto. Nos últimos meses, com o “boom” dos aplicativos de entrega rápida em São José a quantidade de motoqueiros trafegando na cidade, assim como os problemas e infrações de trânsito trazidos por eles, têm aumentado cada vez mais.
Motoqueiros prestadores de serviço para as empresas andando em vielas, passando por cima de jardins e calçadas, cortando carros, atravessando no sinal vermelho, correndo pela contramão e cometendo outras infrações têm sido cada vez mais presentes no trânsito joseense, o que incomoda e oferece perigo aos motoristas, pedestres e aos próprios motoboys.

Sindicato dos motoqueiros

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Natu Benedito Carlos dos Santos, presidente do sindicato dos motoqueiros de São José, diz que as várias infrações cometidas pelos profissionais se devem à necessidade da velocidade na entrega, ou seja, no pequeno prazo dado pela empresa ao motoboy para entregar o pedido do cliente. Segundo ele, o problema dos aplicativos, que “precarizam” a categoria, é a falta de regras no trabalho e a pressão colocada em cima dos motoqueiros.
Para Natu, a profissão do “motoboy” está sendo desvalorizada pelos aplicativos. “Você se cadastra hoje (como motoboy) sem fiscalização alguma. Qualquer pessoa entra, com ou sem prática. O benefício é exclusivo da empresa, já que o motorista é descartável; se ele sair hoje, amanhã terão outros”.
O presidente do sindicato também comenta sobre a falta de regularização das empresas com os entregadores e a ausência de cuidados. “É preciso que a empresa atenda algumas regras. Eles (motoboys) não têm direitos trabalhistas nem carteira assinada. Se ele cair, se acidentar, a responsabilidade, os cuidados e gastos são todos dele”.
Atualmente, São José possui cerca de 62 mil motoqueiros e 20% deles trabalham com suas motos. Natu conta que o sindicato preza pela plena defesa e assistência ao trabalhador. Para ele, deve haver mais fiscalização por parte da prefeitura e uma melhor relação entre aplicativo, restaurante (contratante do serviço) e motoqueiro. O entrevistado afirma que já tentou várias vezes contatar os aplicativos afim de mediar um acordo para melhores condições de trabalho, mas os aplicativos não aceitam as propostas.
Para 2019 o sindicato busca criar um aplicativo que ofereça serviços bem semelhantes aos de entrega, a diferença é que seria uma ferramenta com prioridade no entregador, que passaria por fiscalizações, teria carteira assinada e mais direitos, além de incluir o serviço de mototáxi.
O sindicato também prevê a criação de um cartão, fornecido pela federação, com benefícios para a categoria, que incluiriam plano de saúde, seguro de vida e até um clube de férias.

Quem anda sobre as duas rodas

Apesar de algumas situações contrárias, da enorme pressão e de poucos direitos, parte dos motoboys afirma que os aplicativos de entrega possuem seus aspectos positivos, já que oferecem empregos e oportunidades.
“A gente não recebe nenhum auxílio do aplicativo, somos nós por nós. Se eu cair terei que arcar com todos os custos, o problema é meu, mas faz parte. Tenho trabalhado bem e é uma grande oportunidade”, disse um motoboy, que contou faturar cerca de R$1800 por quinzena.

Sobre as infrações de trânsito, todos os motoqueiros entrevistados reconhecem os erros. “Tem que fazer né. É errado, eu sei, mas com o tempo que o aplicativo dá… dois, cinco minutos, a gente precisa correr, passar por canteiro e subir em calçada. Se não entregar no tempo estipulado a gente é bloqueado pelo aplicativo e não pode fazer entrega por 30 minutos. Aí fica difícil”, afirmou um entregador.

O bom momento da profissão

Com altos e baixos, ser motoboy hoje parece compensar. Aguentar a rotina nas ruas indo de um lado ao outro, lidar com poucos direitos trabalhistas e passar o dia na própria companhia é difícil, mas vale o esforço, principalmente para os que são apaixonados pelo motociclismo. Os aplicativos de entrega não são perfeitos, mas suas tecnologias proporcionaram uma nova oportunidade ao motoqueiro, que viu sua vida facilitada com o novo serviço.

Motoboys são profissionais autônomos, relata empresa

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Sem vínculo empregatício, os motoboys prestam serviço como profissionais autônomos às empresas de entrega. Segundo a Rappi, basta apenas que os interessados se cadastrem na plataforma e apresentem RG, CPF e CNH – além da documentação legalizada do veículo. Na sequência é realizada uma checagem de antecedentes feita por uma empresa especializada a partir dos documentos fornecidos pelo entregador parceiro.
Em caso de acidentes no trânsito, a Rappi esclareceu que os motoboys podem entrar em contato com o suporte para comentar sobre o ocorrido. Caso seja necessário, a empresa os apoiará a solucionar a situação. Sobre as frequentes reclamações das infrações cometidas pelos motoboys, a empresa comunicou que não incentiva o descumprimento do Código de Trânsito Brasileiro e disponibiliza uma palestra de capacitação que fornece dicas de atendimento para os entregadores.

Mochilas – Segundo a nota, as mochilas e jaquetas personalizadas com o logo da empresa não são de uso obrigatório. Os acessórios também não são disponibilizados gratuitamente. Os motoboys precisam comprá-los. Ambos os acessórios possuem preço em torno de R$130,00.

Prefeitura admite estudos para estabelecer normas

A secretaria de Mobilidade Urbana relatou que para manter a segurança e ordem nas vias públicas a pasta vem realizando estudos sobre a atuação dos motoboys que servem os aplicativos. O objetivo é estabelecer normas para a exploração deste tipo de atividade considerando o interesse público e as regras de circulação. A secretaria disse também que prepara uma série de ações voltadas aos motoboys que envolvem orientação e condutas para evitar acidentes.

26 casos fatais em 2018

Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) São José dos Campos possui 62.419 motociclistas. Ao longo do ano passado foram registrados um total de 26 óbitos de motociclistas (dados do Infosiga SP), incluindo as rodovias. Em 2017 foram 24 óbitos.

A Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), que representa plataformas digitais como Glovo, iFood e Loggi, esclarece que os aplicativos de delivery conectam restaurantes a entregadores autônomos, que podem realizar entregas de acordo com sua conveniência e têm a opção de aceitar ou não as corridas oferecidas. A ABO2O reitera ainda que esse modelo de negócio gera oportunidade de renda para milhares de pessoas no segmento. A Associação, junto às empresas associadas, sempre recomenda e reforça aos parceiros de entrega a importância do cumprimento da legislação e melhores práticas de trânsito, incluindo a utilização de equipamentos de segurança e o respeito aos limites de velocidade.

A Life procurou a Uber Eats que não respondeu aos questionamentos da reportagem. Também foi feito contato com a presidência do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, que não se pronunciou.

LIFE | cotidiano - Publicado 06:00 | - Redação

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Comentários:

One thought on “Entre os riscos e as entregas!

  1. Rodofo disse:

    Quem é o presidente do sindicato de São José dos Campos…esses 5 anos de profissão nunca vi esse rapaz…Até onde sei nunca brigo pelos motoboy de São José dos Campos…quem apoia a gente quando precisamos è o presidente do sindicato dos metalúrgicos Sr Weller .

    Estamos sofrendo cada dia mais com esses aplicativos e NINGUEM DO SINDICADO DOS MOTOBOY AJUDA A GENTE ..

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