Relatório preliminar da queda do avião em Vinhedo revela falha no sistema de gelo, possível fator contribuinte no acidente
A queda do avião da Voepass em Vinhedo, São Paulo, no dia 9 de agosto, que resultou na morte de 62 pessoas, teve um novo desdobramento. Um relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado nesta sexta-feira (6), revelou que houve uma falha no sistema de “de-icing” da aeronave. Esse sistema é responsável por evitar a formação de gelo nas asas, um fator crítico para a segurança de voo, especialmente em condições meteorológicas adversas.
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De acordo com os dados coletados pelo gravador de voz da cabine, os tripulantes comentaram sobre a falha no “airframe de-icing” em dois momentos. O piloto mencionou inicialmente o problema, enquanto o co-piloto fez uma observação direta sobre a presença de “bastante gelo” nas asas. A presença de gelo é particularmente perigosa, pois compromete a aerodinâmica da aeronave, podendo levar à perda de controle, como parece ter ocorrido nesse caso.
Ainda não está claro se o desligamento do sistema de “de-icing” foi uma ação deliberada da tripulação ou se houve uma falha técnica no sistema. As gravações indicam que o sistema foi acionado e desativado diversas vezes antes da tragédia. O Cenipa destaca que, durante o voo, as condições climáticas eram propícias para a formação severa de gelo, com umidade elevada e temperaturas abaixo de 0°C, fatores que aumentaram o risco de acúmulo de gelo nas asas.
Condições meteorológicas e experiência da tripulação
Os investigadores também ressaltaram que a aeronave estava equipada para voar em condições de gelo e havia passado por todas as manutenções exigidas. A tripulação, composta por pilotos experientes e devidamente qualificados, não declarou qualquer emergência aos órgãos de controle do espaço aéreo, mesmo quando a situação se agravou.
Antes da decolagem, os relatórios meteorológicos já alertavam para a formação de gelo severo na rota do voo, que partiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. No entanto, a partir das 13h21, a aeronave deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, e a colisão contra o solo ocorreu um minuto depois, às 13h22, no município de Vinhedo.
Linhas de investigação
A investigação do Cenipa agora segue por três principais frentes: o fator humano, que analisará as ações da tripulação diante das circunstâncias adversas; o fator material, focado nas condições da aeronave, em especial nos sistemas de anti-icing e de-icing; e o fator operacional, que investigará as condições ambientais e operacionais que podem ter influenciado o acidente.
O brigadeiro do ar, Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, ressaltou que o objetivo da investigação não é atribuir culpa, mas sim identificar fatores que possam ter contribuído para o acidente, a fim de melhorar a segurança operacional. O relatório final deverá ser divulgado assim que mais dados forem analisados, o que pode levar algum tempo, dado o grau de complexidade do caso.
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