Odor insuportável obriga consultórios a fecharem janelas e trabalhadores e estudantes a conviverem com mau cheiro em parte do Aquarius, na zona oeste de SJCampos

O córrego Senhorinha, que corta boa parte da zona sul de São José dos Campos e passa pelo Jardim Aquarius, na zona oeste, tornou-se motivo de revolta e desconforto para quem vive, trabalha ou estuda na região. Nas últimas semanas um odor insuportável passou a se espalhar pelo trecho da rua Juquiá, cercado por clínicas, escolas, prédios residenciais e comércios.
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“O odor, que geralmente já é desagradável, tem estado insuportável ao longo das últimas semanas. Preciso fechar todas as janelas do meu consultório devido ao incômodo”, relatou um dentista que atende na região.

O problema também atinge a rotina escolar. Funcionários de um colégio próximo ao córrego descrevem o impacto. “É um cheiro muito forte, fedido mesmo, chega a ser insuportável. O odor bate mais forte no começo das manhãs e nos finais de tarde. Muitos pais têm reclamado”.
Para estudantes, a situação se torna ainda mais constrangedora durante as refeições em bares e lanchonetes próximos. “É horrível comer sentindo cheiro de esgoto. O córrego sempre exalou certo odor, mas nas últimas semanas o fedor está bem mais intenso. Dá para sentir até passando de carro”, avaliou uma jovem.
Sabesp nega problema em rede; Cetesb aponta indícios de esgoto
Procurada pela reportagem, a Sabesp afirmou que, após vistoria técnica no trecho do córrego Senhorinha, não foram encontrados problemas na rede. “O sistema de esgoto da região está operando normalmente, sem indícios de vazamento ou obstrução que possam estar relacionados ao odor mencionado”, informou a Companhia.

A Sabesp destacou ainda que não recebeu registros oficiais de reclamação e reforçou a importância de que situações sejam comunicadas pelos canais de atendimento: 0800 055 0195, WhatsApp (11) 3388-8000 e site www.sabesp.com.br
Já a Cetesb apresentou um diagnóstico diferente. Após vistoria em vários pontos do Senhorinha, os técnicos constataram alterações na coloração da água semelhantes às de esgoto doméstico. “A Sabesp foi acionada para verificar eventuais extravasamentos de esgoto provenientes da rede pública, a fim de adotar de imediato as medidas corretivas necessárias”, informou a agência ambiental.
Um córrego marcado por erosões e abandono
Além do odor que castiga moradores e trabalhadores do Aquarius, o córrego Senhorinha é historicamente um dos maiores problemas ambientais e urbanos da cidade. Sujeito a erosões, desbarrancamentos e obras paliativas, ele já obrigou famílias a abandonarem casas próximas à avenida Salinas, na zona sul, devido ao risco de desmoronamentos.
Principal curso d’água da zona sul, o Senhorinha nasce no Dom Pedro II, corta bairros como Bosque dos Eucaliptos e Jardim Satélite e deságua no córrego Vidoca, próximo à ponte estaiada. Antigos moradores lembram de uma época em que havia maior volume de água e diversidade de peixes no local, cenário destruído pelo crescimento urbano desordenado, falta de saneamento adequado e descarte irregular de lixo.
Hoje, além do esgoto, o córrego tornou-se foco de pernilongos, entulho e enchentes. “Ficou insuportável de tanto pernilongo. O acúmulo de entulho também virou problema, suja o Senhorinha e causa enchentes e desmoronamentos. E o odor desagradável incomoda bastante”, destacou o morador Alcides Alves do Nascimento.
Ciclovia da Salinas: risco constante
Outro símbolo do descaso é a ciclovia da avenida Salinas, que margeia o Senhorinha. Inaugurada em 2016 ao custo de R$ 880 mil, a via já registrou crateras e deslizamentos.
“Teve uma época, no trecho atrás do Shibata, em que metade da ciclovia caiu. Depois o trecho caiu de vez! Era nítido que por debaixo corria muita água. Foi uma tragédia anunciada”, contou o corretor Sidney Almeida Porto.
Usuários ainda reclamam de barro acumulado e falta de iluminação. “Caminho pelo local, mas só de dia. À noite é perigoso, tem trechos de escuridão total. E o barro faz a gente atolar o tênis. Dá insegurança demais”, completou a dona de casa Vilma Marli Barbosa.
Problema crônico sem solução
O fedor que hoje castiga o Jardim Aquarius é apenas a face mais recente de uma crise crônica que mistura erosão, esgoto, entulho e falta de planejamento urbano.
Enquanto moradores e trabalhadores convivem diariamente com o mau cheiro, as autoridades divergem sobre a causa — Sabesp afirma que tudo opera normalmente, enquanto Cetesb confirma indícios de esgoto no curso d’água.
O que não resta dúvida é que a situação tem se tornado insuportável para quem vive e trabalha em um dos bairros mais valorizados da cidade.
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2 Respostas
A SABESP, como sempre, fala que tudo está certo!!
Falta d’água
Mau cheiro
Contas altas
Lucros da SABESP batendo recordes
Tarcísio recebeu prêmio nos EUA por “doar” a SABESP aos amigos.
Parabéns ao governador Tarcísio, conseguiu enganar para a todos e sair por cima dando gargalhadas dos otários!
O esgoto do Aquarius Mall é coletado? Parece que não. Pois antes do OBA, está ok. Depois do Mall, fica assim.