Celso Florêncio ameaça desapropriar fábrica desativada da Caoa Chery após 3 anos parada

Prefeitura de Jacareí exige plano de retomada da produção ou desapropriação da planta da Caoa Chery após 3 anos de inatividade

A desapropriação da fábrica da Caoa Chery em Jacareí voltou ao centro das atenções após a Prefeitura notificar oficialmente a montadora chinesa. O motivo: a planta industrial está desativada há três anos e, segundo a administração municipal, descumpre obrigações estabelecidas no acordo firmado em 2010, quando a área foi doada para instalação da unidade fabril.

O prefeito Celso Florêncio (PL) afirmou – nas redes sociais – que tentou dialogar com representantes da empresa, sem sucesso, e agora parte para medidas jurídicas. Dois ofícios foram enviados à empresa neste mês — o último na segunda-feira (21) — exigindo a apresentação, em até 45 dias, de um plano concreto para retomada das atividades. Caso contrário, a prefeitura iniciará um processo de desapropriação da fábrica da Caoa Chery, com previsão de indenização no valor de R$ 17,7 milhões, valor abaixo da avaliação do imóvel, de R$ 63 milhões.

“Formalizamos esta notificação para que apresentem, no prazo máximo de 45 dias, plano de retomada das atividades da planta industrial, ou alternativa concreta que assegure a efetiva utilização do imóvel conforme sua destinação original”, diz o documento.

De acordo com o parecer técnico da prefeitura, o descumprimento dos encargos e a ausência de contrapartidas — como a geração de empregos — tornam juridicamente cabível e financeiramente justificável a retomada do bem doado ou dos valores investidos. A inatividade da unidade representa prejuízo direto ao erário, frustrando os objetivos de desenvolvimento econômico, arrecadação e geração de postos de trabalho.

A fábrica foi inaugurada em 2014, com investimento inicial de US$ 400 milhões, como primeira unidade da chinesa Chery no Brasil. Após três anos de resultados abaixo do esperado, a CAOA assumiu parte da operação em 2017, criando a joint venture CAOA Chery. Em 2022, a planta foi desativada e 485 funcionários foram demitidos sob a justificativa de uma futura adaptação para veículos elétricos — o que, até hoje, não se concretizou.

A prefeitura também alega que a montadora não cumpriu cláusulas do Memorando de Entendimentos assinado na época da doação. Entre os compromissos estava a criação de mais de 3 mil empregos. Mas, dados oficiais mostram que, em 2020, havia apenas 444 empregados. Atualmente, a unidade permanece fechada e sem perspectiva clara de retomada.

Outro ponto levantado pela administração é que parte do terreno foi recentemente transferido à nova montadora Omoda Jaecoo, sem envolvimento da prefeitura no processo, o que acende ainda mais o alerta sobre o descumprimento do uso destinado originalmente ao local.

Em nota, a Caoa Chery afirmou que ainda não recebeu a notificação da prefeitura de Jacareí e não informou se existe um plano para retomar a produção de veículos na cidade.

Agora, o município aguarda um posicionamento oficial. Caso não haja resposta ou acordo nos próximos dias, o processo de desapropriação será aberto oficialmente, em defesa do interesse público e do desenvolvimento econômico local.