Violência contra a mulher soma 265 casos na RM Vale do Paraíba em 2025; números acendem alerta para a urgência de denúncia e acolhimento
A violência contra a mulher configura uma triste realidade na sociedade brasileira e os dados mais recentes reforçam a gravidade do problema. Somente em 2025 a RM Vale do Paraíba já registrou 265 casos, de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O mais alarmante é que, dessas ocorrências, apenas 52 foram formalmente denunciadas. Em 2024 foram mais de 604 registros, com somente 110 denúncias, evidenciando um abismo entre as agressões sofridas e os registros oficiais.
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De agressões físicas a abusos psicológicos, morais e patrimoniais, o cotidiano de milhares de mulheres ainda é marcado pelo silêncio e pelo medo. Para a advogada Ellen Santos é nesse silêncio que a violência encontra terreno fértil. “O medo de denunciar está ligado a fatores como dependência emocional e financeira, medo de represálias, vergonha e até desconhecimento dos próprios direitos. Muitas acham que não serão acolhidas ou que a denúncia não mudará sua realidade”, explicou a advogada que coordena um curso de direito na região.
A especialista destaca que a Lei Maria da Penha, desde sua criação há quase duas décadas, é um marco fundamental na proteção das mulheres. A legislação prevê medidas protetivas, criminalização dos agressores, prioridade no atendimento e garantias como matrícula escolar para vítimas e filhos. “São avanços importantes, mas a lei precisa sair do papel. Sem aplicação eficaz, fiscalização constante e confiança da vítima, ela perde força”, alertou Ellen.
Para ela o enfrentamento à violência contra a mulher não se limita ao aspecto jurídico. “É preciso investir em educação, fortalecimento da autonomia econômica feminina e políticas públicas permanentes de prevenção e acolhimento. Não adianta agir só em datas simbólicas”, afirmou. Segundo Ellen, promover o debate desde cedo e oferecer condições para que mulheres alcancem independência financeira são medidas decisivas para quebrar o ciclo da violência.
Canais como o 180 (Central de Atendimento à Mulher) e o 190 (Polícia Militar) são meios diretos e fundamentais para dar início ao processo de denúncia e proteção. Além disso, iniciativas locais também fazem diferença.
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