Atriz da “Escolinha do Professor Raimundo” e do “Zorra Total” marcou a comédia brasileira com personagens inesquecíveis
Nascida em março de 1926, em Varsóvia, na Polônia, com o nome de batismo Basza Ajs, Berta trazia na bagagem uma história de superação desde a infância. De origem judaica, chegou ao Brasil em 1937, junto dos pais e irmãos, fugindo do horror do nazismo que já ameaçava seu povo.
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A família se instalou no Rio de Janeiro, onde a Praça Tiradentes seria o cenário do início de sua trajetória artística. Incentivada pelo pai, que também era ator, Berta estreou nos palcos aos 14 anos e logo se destacou pelo talento para o humor e pela irreverência que encantava plateias.
Dos palcos à consagração na TV
Sua carreira ganhou força nos anos 1950, com o teatro de revista e as chanchadas, gênero que dominava o cinema nacional. Com uma breve temporada em Portugal, retornou ao Brasil e, em 1966, estreou na televisão.
Foi na TV Globo, a partir de convites de nomes como Boni e Maurício Sherman, que Berta Loran consolidou sua trajetória. Sua presença no “Balança, Mas Não Cai” e, mais tarde, em “Faça Humor, Não Faça Guerra”, “Planeta dos Homens”, “Viva o Gordo” e outras parcerias marcantes com Jô Soares, deram a ela o status de referência no humor brasileiro.
Mas foi em 1991, na “Escolinha do Professor Raimundo”, que Berta caiu definitivamente no coração do público, interpretando a imigrante portuguesa Manuela D’Além-Mar, além de personagens como Sara Rebeca e Maria, sempre com a sagacidade e carisma que lhe eram inconfundíveis.
Carreira plural e legado
Além da comédia, Berta brilhou em novelas, como “Amor com Amor se Paga”, “Da Cor do Pecado”, “Cama de Gato”, “Torre de Babel”, entre tantas outras produções de sucesso. No teatro, comandou por três anos o espetáculo “Divirta-se com Berta Loran”, que misturava humor, canto, dança e sapateado.
Mesmo em idade avançada, não deixou de atuar: em 2019, participou da novela “A Dona do Pedaço”, e, em 2022, fez rir nas telonas com o filme “Juntos e Enrolados”.
Em 2016, aos 90 anos, teve sua história registrada na biografia “Berta Loran: 90 Anos de Humor”, de João Luiz Azevedo, um tributo à mulher que transformou sua vida em palco e espalhou alegria por onde passou.
Despedida de uma dama do riso
Casada duas vezes e sem filho, Berta Loran deixa um vazio imenso na televisão, no teatro e no coração do público. Sua trajetória, que começou como uma fuga da perseguição nazista, se transformou em uma vida dedicada a arrancar sorrisos e a espalhar leveza.
Mais do que uma comediante, Berta foi símbolo de resiliência, de talento e de paixão pela arte. Aos 99 anos, ela encerra sua última cena, mas deixa um legado eterno na cultura brasileira. Berta Loran vive agora na memória e nas risadas que despertou. O Brasil agradece.
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