Uma das perguntas que mais tem sido feitas pelos passageiros nos últimos dias, após a decisão do Governo Federal de subsidiar o diesel para que o litro do combustível fique R$ 0,46 mais barato, é a seguinte: se este combustível está com preço menor, por que então ninguém está anunciando que as tarifas de ônibus vão baixar?
Afinal, os ônibus usam o óleo diesel.
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A redução do preço do litro do diesel foi um dos pontos do acordo apresentado pelo Governo Federal para acabar com a greve dos caminhoneiros, que começou em 21 de maio e só terminou oficialmente no dia 31.
Mas, apesar da contestação e dos anseios dos passageiros, na maior parte das cidades brasileiras e em são José dos Campos as tarifas não vão sofrer qualquer tipo de redução imediata. Em São José, segundo a prefeitura a revisão da tarifa é feita anualmente, conforme está previsto no contrato de concessão. As variações dos itens que compõe o cálculo tarifário serão considerados no próximo período de revisão.
O diretor administrativo e institucional da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Marcos Bicalho dos Santos, disse em entrevista ao Diário do Transporte que essa redução de preço do diesel na verdade vai acabar compensando parte das perdas que as empresas de ônibus alegaram ter após os aumentos sucessivos do combustível sem poder repassar estas variações para as tarifas.
“Como no primeiro momento as empresas assumiram esses reajustes que ocorreram pela Petrobras, agora elas estão em uma fase de redução desse valor e, naturalmente, terá que se fazer um balanço entre o que as empresas assumiram e o que elas vão recuperar agora.”
A NTU reúne em torno de 500 empresas de ônibus de linhas metropolitanas e urbanas em todo o País.
O representante das companhias de ônibus disse também que ainda redução do preço do diesel não chegou a todas as garagens ainda.
“Nós temos estudos elaborados pela NTU que mostram que as distribuidoras represaram os preços a serem transferidos às empresas, aos postos de combustíveis, mas não represaram os preços às grandes distribuidoras. Então, nós temos elementos que mostram a comparação entre o diesel vendido nos postos de gasolina e o diesel vendido para os grandes consumidores. O grande consumidor está pagando a mais”
Segundo Bicalho, dependendo dos equilíbrios que os novos preços do diesel proporcionarem ao setor de ônibus até o fim do ano, pode ser que os próximos aumentos de passagens sejam menores.
O executivo disse ainda que não há ainda uma sinalização clara da recuperação de demanda de passageiros, que influencia nos valores das tarifas, mesmo com as estimativas de recuperação econômica.
“Nos últimos quatro anos, o setor perdeu 25% das demandas. Nós temos que ter um ajuste disso, principalmente se não há redução da oferta. Quando eu tenho uma redução da demanda e a oferta não cai na mesma proporção, isso significa que eu estou aumentando os custos do serviço.”
Com as pressões dos aumentos do peso do combustível na renda das famílias brasileiras e com o desgaste diante da opinião pública da política de preços da Petrobras, que acompanha a cotação do valor internacional do petróleo desde 3 de julho de 2017, Bicalho acredita que um dos pleitos do setor de transportes de passageiros, a Cide-verde, foi prejudicado. A Cide-verde consiste, em linhas gerais, na criação de mais um imposto sobre a gasolina e o etanol, mas com vistas à redução das tarifas do transporte público.
Apesar de, pelo menos para este ano, a ideia parecer perder força, Bicalho diz que devem ser criados mecanismos nas cidades para que o transporte individual, que ocupa mais espaço e gera mais poluição, financie o transporte coletivo.